quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Uma espécie de debate - corrupção

Continuo sem perceber a dicotomia, justiça é justiça, política é política.
Quem faz as leis? Os políticos. Quem faz a política? Os políticos.
Que um acusado de homicídio seja escrutinadíssimo antes de tomar qualquer decisão final, de modo que não haja a mínima dúvida que foi ele o autor do crime,  compreende-se.
Agora, que um político sobre o qual impendem fortes suspeitas de crimes contra a Ética,goze na nossa cara aquele princípio do direito da presunção de inocência até que rebéubéu pardais ao ninho, essa não.
As sociedades desenvolvidas são fortemente suportadas em razões identitárias que consubstanciam a Moral e a Ética. Aquela célebre frase de Júlio César sobre sua mulher Pompeia a propósito de uma facto que o próprio César não a achava responsável -Á mulher de César não basta ser séria, tem que parecê-lo - atravessa a boa História .Aos políticos e a outros actores da cena pública é exigida esta aparência de honestidade, não se compadecendo com suspeições e arrastamentos.
São nítidas as vantagens pessoais que os políticos retiram desta separação justiça - política pois sabem que a justiça não funciona.
Resta-nos vociferar e participarmos ma construção de uma sociedade mais apoiada em valores do que no justicialismo, isto é, no faz-de-conta-que-há-justiça.
Para aconchego da ideia, revia o conceito da grega polis, da cidade, mais nas relações entre cidadãos do que nas suas paredes ou sinais de trânsito. A política é a arte de cuidar da cidadania. A justiça é um pilar da política. Os profissionais da política fazem-nos crer que são mundos diferentes. Dá muito jeito.

Sem comentários: