quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Programa da Câmara Municipal de Seia

Será que o governo da Câmara Municipal de Seia seguirá a estratégia dos seus homólogos do governo da Nação, não apresentando o programa da sua governação?
Gostava que fosse apresentado o programa para este mandato e que se explicasse de modo inequívoco qual a situação real da dívida e os constrangimentos que ela tem sobre o desenvolvimento.
O melhor será guardar o programa eleitoral apresentado pela candidatura do PS, ganhadora da Câmara, para que se venha a fazer um balanço realista para os dias do julgamento.

Uma espécie de debate - corrupção

Continuo sem perceber a dicotomia, justiça é justiça, política é política.
Quem faz as leis? Os políticos. Quem faz a política? Os políticos.
Que um acusado de homicídio seja escrutinadíssimo antes de tomar qualquer decisão final, de modo que não haja a mínima dúvida que foi ele o autor do crime,  compreende-se.
Agora, que um político sobre o qual impendem fortes suspeitas de crimes contra a Ética,goze na nossa cara aquele princípio do direito da presunção de inocência até que rebéubéu pardais ao ninho, essa não.
As sociedades desenvolvidas são fortemente suportadas em razões identitárias que consubstanciam a Moral e a Ética. Aquela célebre frase de Júlio César sobre sua mulher Pompeia a propósito de uma facto que o próprio César não a achava responsável -Á mulher de César não basta ser séria, tem que parecê-lo - atravessa a boa História .Aos políticos e a outros actores da cena pública é exigida esta aparência de honestidade, não se compadecendo com suspeições e arrastamentos.
São nítidas as vantagens pessoais que os políticos retiram desta separação justiça - política pois sabem que a justiça não funciona.
Resta-nos vociferar e participarmos ma construção de uma sociedade mais apoiada em valores do que no justicialismo, isto é, no faz-de-conta-que-há-justiça.
Para aconchego da ideia, revia o conceito da grega polis, da cidade, mais nas relações entre cidadãos do que nas suas paredes ou sinais de trânsito. A política é a arte de cuidar da cidadania. A justiça é um pilar da política. Os profissionais da política fazem-nos crer que são mundos diferentes. Dá muito jeito.

Uma espécie de debate - avaliação de professores

1- Este primeiro-ministro é um estudioso da malhação de Augusto Santos Silva. Qual a dimensão do primeiro que faz da chacota uso e abuso. É uma ferramenta pouco digna a forma como solta impropérios próprios da política do cacete e da moca quando se dirige aos deputados da forma como o faz. O que ganha a discussão política com aquelas aleivosias? Quem foi da jsd será sempre jsd.

2 - A avaliação de professores é uma questão de lana caprina face às dificuldades e reais problemas do País. Políticos que se envolvem até ao tutano nesta guerra não merecem a confiança dos portugueses para resolver os problemas reais. Sócrates está incluído neste role de chafordeiros e de picardia. Que ele tenha eventualmente feito uma licenciatura com avaliação duvidosa é uma coisa, que os professores não sejam avaliados é outra. Ao senhor primeiro ministro digo duas coisas. Uma de carácter pessoal é que prestei provas públicas para o acesso ao 8º escalão da carreira,  em Coimbra, perante um júri constituído por uma painel de 5 professores, 3 universitários e 2 do ensino secundário. A outra é uma memória. O bom Eng. Marcal Grilo, ministro da Educação do governo do bom homem Eng Guterres, do PS portanto, suspendeu a realização dessa prova, abrindo a alameda de acessso aos escalões superiores da carreira com uma processo mais facilitado
3- Esta teimosia em não suspender o processo actual de avaliação é uma marração política. Será que o homem está a pedir outra manifestação de 140 mil na rua a dizer-lhe que não se importam de que este modelo seja suspenso? Nem vale a pena continuar a demonstrar que este processo é iníquo e na fase em que vamos, simplex 3, continua a ser uma porcaria sem sentido. Com este debate em torno desta questão, Sócrates deve ter tido uma masturbação dolorosa. Gozou-se a ele próprio, fazendo o papel de bóbó junto dos professores. O senhor deve pensar que os professores acreditam na bondade do processo da mesma forma que a OCDE acredita nas performances das Novas Oportunidades. Senhor Primeiro. Ministro, ambas as coisas, avaliação de professores e novas oportunidades são ideias excelentes, mas duas práticas péssimas em termos de fundamentos e resultados.

Programa do Governo vs programa eleitoral

Acaba de se criar um precedente importante em termos de economia de tempo no Parlamento: é desnecessário apresentar o programa de governo quando este resulte de um acto eleitoral. Quem é indicado para formar governo diz que o programa de governo é o programa eleitoral e o assunto está encerrado. Para efeitos de contagem para efeitos de aprovação, considerar-se-á que o programa de governo é aprovado com os votos a favor do partido do governo e com a abstenção dos partidos que não sustentam o governo. Siga a roda.
Foi isto que o PS, na sua douta e acutilante prática nos ensinou. Foi este o programa aprovado por quem votou, logo é este o programa que deverá ser apresentado. Falta ver as letras miúdas deste contrato, pois elas também farão parte do programa de governo. Já imaginaram o que seria se o programa do partido socialista, neste caso, dissesse, sei lá, os deputados e seus amigos vão ter direito a uma reforma vitalícia igual ao vencimento do Presidente da República, logo no final do 1º mês de mandato. Estava no programa eleitoral, em letra miudinha e zás, este é o programa.
Isto bem exploradinho e aplicado em tempos futuros, leva toda a gente à leitura obrigatória de todos os programas. Neste caso, tem sentido aparecer um partido que o seu programa diga que não faz nada para o pessoal de bom  senso votar nele. Talvez seja mais eficaz.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Estado de Justiça e Estado de Direito

Os dominadores do panorama político da democracia portuguesa lançam a todo o momento o pregão da grande conquista que é o Estado de Direito. Portugal é um Estado de Direito. Certo. Errado. Certo por ser verdade que o exercício do direito é que decide se alguém é inocente ou culpado. Errado por o direito ser um exercício que não garante que a justiça seja feita. Era preferível ouvirmos dizer que Portugal é um Estado de Justiça e que isso fosse minimamente credível.
Não me vou meter no direito por não perceber nada disso. Ás tantas é mesmo isso, o direito é para não percebermos nada. Fica só ao alcance de alguns iniciáticos que juntamente com os políticos, com os construtores, os banqueiros constroem uma Matrix em que nós nunca passaremos de mexilhões a esmagar a bel-prazer. Imaginemos um caldo, tipo face oculta ou  furacão, com sucateiros, advogados, ex-políticos, políticos, banqueiros, juristas, dirigentes desportivos, outra vez advogados, mais uns políticos futuros ex-políticos e veja-se como queimam este país, como o esventram e a justiça manipulada pelo direito nunca descobre nada. A justiça alinhará com outras coisas sobre as quais dizemos que é aquela coisa que com a qual e sem a qua,l ficamos tal e qual. Porca miséria.
Ou viveremos nesta inveja geneticamente portuguesa que aplicada a estes casos nos leva a ter inveja dos corruptores  e dos corrompidos, pois também gostaríamos dos milhares de euros ou dos carros de alta cilindrada.
À mulher de César não basta ser séria, tem que parecê-lo. A Ética é uma treta ou apenas uma qualidade dos pobres de espírito. Para estes o reino dos céus, para os outros o reino das terras. Dá muito jeito pensar que enquanto o Dr. Vara não for considerado culpado é um inocente. O mesmo para os outros varas (/o que é uma vara?)
Serão considerados asseados, lindos e bons até ao dia do nunca em que venham a ser considerados feios, porcos e maus. Se o direito quisesse a justiça seria uma coisa, se o direito for um exercício de malabarismos dilatórios de asfixia da verdade será outra. Uma de 5 letras.Ou outra que na língua de Shakespeare é de 4.
E lá vamos cantando e rindo até ao próximo acto eleitoral, engordando os porcos e os polvos. Justiça é justiça, política é política é outra treta. A política era na Grécia o cuidar da cidade e a justiça faz pa rte integrante.

Isto agora é que vai ser

Citando o mote dos Deolinda, agora sim, agora é que vai ser. Se não vejamos:
  1. Seia tem um novo Presidente de Câmara, desvalorizando o facto de haver uma equipa mais do mesmo.
  2. Paulo Campos continua no governo, não no lugar que a autarcracia do centro do nenhures pretendia, mas, que diabo, secretário de estado não é assim uma coisa tão má.
  3. Cereja em cima do bolo, a nossa querida Ministra do Ambiente, Dulce Álvaro Pássaro, nascida em O. Hospital, mas com percurso escolar passando por Seia. (desejo-lhe as maiores felicidades no desempenho do cargo, não seja ela uma colega de universidade).
Há aqui uma conjuntura extremamente favorável para o interior e para os concelhos desta região. Espero que eles tenham Seia mais presente que outros grandes figurões ou figuras.
Vamos medir quem fará mais por Seia, se a dupla oliveirense ou se a dupla senense Pina Moura e Almeida Santos. Aposto na primeira. Desejável seria que as duas duplas passassem a uma quádrupla a que se associasse mais uma centena.
Cuidado, não se confunda lobby com luvas e corrupção. Embora gostasse de ver um corrupto de Seia, espero que não surja nesta ligação.

Isto de ser ex é que está a dar

Claramente, o governo que Sócrates acaba de formar é constituído por figuras de 4ª ou 5ª linha. Já vamos aí. Porquê? Por várias ordens de razão.
Uns recusam porque é melhor ser ex-ministro que ser ministro.
Outros aceitam por querem ser agora, para depois serem ex.
Outros recusam porque é melhor usar ex's ou úteis inocentes do que ter a chatice de estar nas luzes. Uns são bons como bonecos outros como bonecreiros. Chacun à sa place.
O verdadeiro poder está nas traseiras do governo. Dediquem-se a fazer a lista das pessoas que passaram pelos governos e continuam a ditar bitaites sobre tudo, a economia que não gera riqueza para o país, a justiça que é um cancro nacional, a educação que é palco de guerras estatísticas, de certificação que não de competência, o desporto que faz esquecer toda a nossa miséria quando o Benfas goleia,dos estádios que se querem implodir, das estradas e pontes que se constroem,  dos têgêvês para ligar Vila Cova à Lapa dos Dinheiro, gestão de águas, gestão de petróleos, gestão de bancos, gestão de pêtês, gestão dos mares de sargaços, gestão da gestão.
É farta vilanagem. Ex. Eis. Depois de. Isto é que é bom!
E não se pode exterminá-lo...

Coisas que não entendo

Há e haverá muitas coisas que escapam à compreensão. Contudo. há situações que a incompreensão cai sobre as razões de certas práticas não se implantarem.
Portugal gasta uma pipa de massa, mais de duas dezenas de milhares de milhão de euros, qualquer coisa como 21.000.000.000 de euros em subsídios de desemprego. de reinserção para isto e para aquilo, num ano, sem qualquer retorno. Este dinheiro sai mesmo, não são propriamente garantias bancárias. É dinheiro vivo.
Há montanhas de trabalho a fazer, por exemplo, na área do ambiente e na área social. Trabalho estruturante e duradouro.
Quantos hectares de florestas, quantos quilómetros de rios, quantos quilómetros de caminhos, quantas toneladas de plásticos e outros lixos, quantos milhares de idosos, quantos milhares de tantas coisas há para cuidar?
Para quando um caderno de trabalhos na área ambiental por região? Para que servem os parques nacionais, para além de se servirem a si próprios? Não terão responsabilidades nesta nova economia? Regular, só regular, não será pouco? Que quantidade de trabalhadores permanentes poderão ser afectados à economia do ambiente?
Regiões como Seia estarão à espera que o turismo lhe seja servido em bandeja de acessibilidades? Se sim, não creio que seja a posição correcta. O ambiente tem condições para ser uma área económica e social de excelência com efeitos multiplicadores no emprego e no turismo.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cine'eco e corrupção

Não, não é a sugerir que exista alguma ligação entre o festival de cinema de Seia e a corrupção. Não, longe de mim qualquer suspeita de tal conexão.
A ligação que quero fazer é de natureza jocosa. Dizem-nos que o festival é um dos maiores veículos do nome, ou marca como agora se diz, de SEIA. Fazendo uma pesquisa pelo Google as referências são, em geral, de âmbito regional. Não sendo um grande consumidor de televisão, vejo contudo muitos programas de informação e do festival não dei conta.
Então onde entra a corrupção? Bom, acho que a Seia falta um caso de corrupção. Era importante arranjar um corrupto ou uma corrupta que representasse Seia neste mundo global da corrupção. Terra que não tenha corrupto é fraca. Daqui faço um pedido à Pêjota que arranje uma bom caso cá por estas bandas. Há pessoas e locais apanhados mais que uma vez na roda da corrupção e outras nada ou nunca. Vara para aqui a bisar, Loureiro, Dias, já perdi o conto, Preto, o António, é um ver se ta avias, etc, etc, nem o nosso primeiro escapou à sombra da roda.
Não é justo que Seia não tenha o seu corrupto. Era capaz de vender mais Seia do que o festival. Neste Verão valeram-nos as camas voadores para se falar de Seia. Mas camas francamente não dão notoriedade duradoura, já não se fala delas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

José Saramago e um novo olhar


Quem ganha um prémio Nobel tem que ser uma pessoa inteligente.
Ponto 1. Saramago é um Nobel, logo é inteligente.
Quem lê a letra da Bíblia não pode deixar de levantar questões que podem parecer absurdas. Por exemplo, a velha questão da genealogia da humanidade. Na letra, repito, Adão é o marido de Eva.

sábado, 17 de outubro de 2009

Segundo rescaldo


Duas questões estavam em disputa neste acto eleitoral. Uma era sobre quem seria o próximo Presidente da Câmara e a outra era sobre a importância de haver ou não haver maioria absoluta.
O eleitorado decidiu em linha com o que as máquinas partidárias mais poderosas lhe apresentaram.
O PS apresentou um grande poderio para justificar que seria muito importante para o concelho continuar as políticas que o executivo de Eduardo Brito vinha a defender, não trazendo absolutamente nada de novo. A continuidade. Nada melhor que o delfim Filipe Camelo para assegurar esse desígnio.
O PSD, também investindo fortemente, quis acreditar que era possível ganhar a Câmara. Contudo deu por ganho aquilo que era suposto ser adquirido. Algumas freguesias consideradas do partido foram esquecidas ou não trabalhadas e deitou muito a perder. Esqueceu-se que quando entre duas grandes forças existe uma diferença de mil votos, basta ganhar quinhentos mais um para passar para a frente.
Parece que o  eleitorado não se decidiu sobre programas eleitorais, mas sim sobre vontades do exercício do poder. Uns querendo mantê-lo, outros querendo conquistá-lo. Legítimo.
A CDU tenta entrar na segunda questão, a importância de não haver maiorias absolutas. Argumentou com ideias e uma máquina à medida da sua implantação. Acreditou que as suas propostas poderiam mobilizar algumas posições e vozes esquecidas e que não se reviam em qualquer uma das grandes forças.
Enfim, o eleitorado deu primazia à questão Presidente e quase não se importou com propostas.
Quanto à aritmética eleitoral, certamente outros se preocuparão com ela. O poder e o candidato ao poder têm mais preocupações com o deve e haver e certamente terão isso em conta durante o próximo quadriénio.
A CDU tem um eleitorado estável e teve um resultado muito satisfatório atendendo que apenas concorreu numa dezena de freguesias. Face a esta realidade e à forte bipolarização a CDU tem razões para não estar descontente, Realce-se a importância que a CDU pode vir a ter em várias freguesias em que é a charneira entre o PS e PSD, como por exemplo, na freguesia da sede do Concelho.
Estas eleições tiveram um alto nível de civismo e alguma discussão. Recordem-se dois debates, um na Antena 1 e outro num CISE de casa cheia e alguma projecção na imprensa escrita regional. Destaque-se a imparcialidade de alguns órgãos e a parcialidade clara de outros. Naturalmente.
Vai iniciar-se um período de governação que promete ser diferente das anteriores. Ainda bem. A possibilidade de nas próximas eleições haver troca na relação de forças no executivo traz novos desafios. Se por um lado vamos ter um PS apostado num exercício dinâmico para ser reconhecido daqui a 4 anos, não poderemos deixar de ter um PSD acutilante e responsável para consolidar a sua ambição de ser próximo poder. A CDU, apesar de tudo, ganha alguma dimensão autárquica no concelho que bem aproveitada poderá trazer frutos nas próximas eleições e tentar de uma forma sustentada acreditar que o 3-3-1 num executivo próximo  é possível.
Mas, mais importante que o poder propriamente dito será a certeza de as pessoas do concelho se sentirem verdadeiramente representadas no poder autárquico de uma forma realista e sustentada.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Primeiro rescaldo

Como escrevi recentemente e parafraseando um conhecido bloguista, ser do clube que sou faz-me lutar pela vitória e a derrota não me mete medo.
Quem melhor me conhece, sabe que não viro a cara à luta, não me importando muito se vou ganhar ou perder.
Na linguagem aritmética, nesta noite sou perdedor, consegui uns míseros 5,66%. Muito fraco. Nota negativa, sem dúvida.
Calma aí que eu já me transformo num vencedor! À político...
O que é se considera vencer nesta luta?
Se fosse candidato do PS, mesmo com o meu pacato programa, corria o risco de ganhar. Se vestisse a camisola do PSD, pelo menos o segundo lugar não me escaparia.
Corri com a camisola da CDU, um pequeno partido, de poucos eleitores, mas com gente com uma alma grande, grande mesmo.
Apresentámos ideias, conseguimos influenciar a campanha contribuindo com pontos de vista novos sobre problemas velhos. Dignificámos a discussão e o debate. Esta foi a nossa vitória. E deixem-me tomar alguma presunção. Acredito que a aceitação das pessoas foi bem superior ao que os números finais traduzem. A bipolarização trucidou-nos e as pessoas,legitimamente, colocaram a questão da escolha do Presidente bem acima da discussão de projectos. Uns com a vontade enorme de ganhar, outros com a vontade imensa de manter a posição. Aqui é que acho a candidatura CDU teve a sua vitória. Num campo de luta tão encarniçada entre dois gigantes, a CDU sobreviveu, mostrou argumentos. E orgulhosamente, termino dizendo que não é com este poderio de números que me fazem pensar Seia de modo diferente daquele que defendi durante a campanha. Gosto de números, mas gosto mais de ideias.
Obrigado aos 918 resistentes.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Para a despedida desta campanha

Preparo-me para me integrar na última acção de campanha, na última manifestação, numa demonstração de poderio. Uma caravana que procurará impressionar o eleitor para a quantidade de carros, num atentado contra o ambiente, carros e mais carros, barulho e mais barulho. Depois, bom depois, seguem-se umas febras no Centro de Trabalho de um dos partidos da coligação CDU. Tenho convite do meu amigo Luís Caetano, em termos pessoais e amigos, que outra coisa não seria de esperar, para beber um copo com ele, depois. Talvez o faça, se o tempo e as circunstâncias o proporcionarem. Se o fizer, que não se faça qualquer tipo de leitura que não seja o encontro de dois amigos. Eu, pessoalmente, não tenho dúvidas que Luís Caetano, Filipe Camelo e eu temos a mesma grande vontade de bem servir. Certamente, escolhemos caminhos diferentes. Se assim não fosse, não tinha sentido estarmos em campos diferentes. Depois, bom depois...
Comecei o meu último dia de campanha na companhia dos meus alunos e com o desejo formulado por alguns deles de boa sorte, o que sensibiliza. Estes alunos não votam. Senti, solitariamente, como o dia 11 pode ser importante para o desenho do futuro destes jovens e só posso desejar que os autarcas que venham a ser eleitos tenham sempre presente que vão ser responsáveis pela herança que vamos deixar.
Disse eu a alguns destes alunos que esperava vê-los, dentro de alguns anos, a baterem-se por estes lugares que agora estão em disputa, num sinal claro de que o futuro está na criatividade irreverente e responsável destas raparigas e destes rapazes.
Com a minha candidatura, espero escancarar as portas da participação efectiva, real. Actualmente há essa possibilidade, mas é só isso, possibilidade. Só quem não quer ver é que pode dizer que a participação é vivida.
Outros colegas me desejaram boa sorte. Se me pedissem agora para dizer o que é isso da boa sorte também teria dificuldades em fazê-lo.
Independemente do resultado, acho que já foi bastante importante a minha participação. Acho que consegui passar a mensagem que ainda existe alguém que sonha com outra forma de fazer política, para além do betão ou do que se diz modernamente da política do hardware, Está na altura de passarmos a políticas, quiçá mais modestas, mas que entram dentro do que é mais intenso, no homem e na sua relação com os mundos, uma política de software em que pequenos programas podem fazer grandes coisas, o efeito borboleta.
Até breve.

As palavras dos outros

Uma certa forma de falar é usar a palavra dos outros.
Deixo aqui duas ligações a artigos de reflexão que certemente muitos de nós subscreverão, se não na íntegra, pelo menos em grande parte. Um é de Helena Garrido sobre rotundas e escolas e a aproximação eleito eleitor e outro de Leonel Moura sobre a ambição ou a falta dela ou o centro da ambição para a maioria das autarquias.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Campanha de Seia na SIC

 Vá até aqui para ver como a CDU é diferente

A CDU em Santiago

( O meu amigo Joel não me perdoou a não referência a Santiago numa das recentes entradas neste blogue e com toda a razão)
Verdade, no último domingo, a nossa jornada terminou em Santiago onde vimos uma jovem equipa que se candidata a uma Assembleia de Freguesia. Foi evidente a forma carinhosa como as pessoas mais velhas olham com esperança para estes jovens, mesclados com outros menos jovens e conhecedores de outras realidades pela sua condição de ex-emigrante. Há por ali muita alegria e paira no ar uma ideia de missão pelo bem comum daquela freguesia, espraiada pelas Folgosas e Maceira e, claro, pela sede Santiago. Nota-se um dinamismo que ultrapassa o fervor eleitoral, alongando-se no tempo com uma participação clara dos jovens. Um exemplo.
Depois, bom, depois, fizémos um pequeno ensaio para a caravana que pretendemos levar a efeito, na próxima sexta-feira, para fecho da campanha eleitoral destas Autárquicas 2009.

La Palisse e as autárquicas em Seia

 (La Palisse, militar francês, nascido no século XV, notabilizou-se por verdades como esta: se não estivesse morto, estaria vivo)
Durante a campanha ouvimos muita gente dizendo que é importante acabar com as maiorias absolutas na nossa Câmara. Só existe uma maneira de tal se concretizar. É considerar que a questão se resolve tendo, pelo menos, três forças em contenda. Elas aí estão no terreno!
Durante o dia de hoje alguém falava de uma sondagem que apontava para uma aproximação entre o PS e o PSD. Sabemos que a verdade apenas será conhecida domingo à noite. É contudo uma verdade de La Palisse dizer que só a candidatura da CDU pode impedir a formação de maioria absoluta na Câmara Municipal.

Fundos para a campanha CDU - Autárquicas

A CDU está na rua com cara lavada e com uma campanha de custos à dimensão do ditado, quem não tem dinheiro não tem vícios.
Permanentemente ofuscados pelo fausto das campanhas rivais sobre o qual é legítima a pergunta, de onde vem tanta massa?, resta-nos continuar a lutar com as nossa ferramentas.
O orçamento da nossa campanha situa-se nuns míseros e honestos 3 mil euros, gastos em mupis caseiros e uns folhetos de campanha que, por muito baratos que sejam, nunca são de borla, nem o devem ser.
Aos nossos apoiantes e às vozes que se unem à nossa pedimos apoio. Para além da voz, a bolsa. Dez, vinte, o que quiserem, caiem na nossa conta para pagar estas despesas.
A forma de colaborar nesta campanha também passa por aqui. Claro que a candidatura da CDU precisa de votos para chegar à autarquia, mas também precisa de dinheiro. Com alguma urgência precisamos de 1800 euros. O NIB está aqui na margem deste blogue. Numa caixa multibanco ou em banco online é só uma transferência, inserir nib e valor e pronto, participou. Não custa nada. Mesmo que seja pouco. Sabemops ser do coração. (Uma grande empresa depositou há dias na minha conta 86 cêntimos de uma devolução). Isto  é um exemplo que mostra que é possível depositar mesmo que seja uma quantia desta dimensão.
E, como dizia  Zeca Afonso, traz outro amigo também.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ressonâncias de um debate

Realizou-se, na passada sexta-feira, um debate no CISE sobre alguns assuntos que devem ser centrais nas opções eleitorais. O modelo seguido teve inegáveis qualidades e evidentes defeitos. A escolha dos temas foi a que foi. Sobre este assunto, direi apenas duas coisas: 1) aplaudo o ambiente e organização criados e 2) aceitei os moldes e os temas a tratar. Sugeri ao Dr. Alberto Reis umas nuances que abrissem a participação do público, em determinada fase do debate, mas não passou disso mesmo, sugestões.

Quanto ao figurino, permitiu que cada candidato sobre aqueles temas usasse 3 minutos, o que se veio a revelar curto. Como se se pretendesse meter o Largo da Misericórdia na rua de acesso do Mercado àquele largo.

Outros temas ficaram na gaveta. Um deles é o da dívida e a forma como ela condicionará, ou não, o próximo exercício. Dizer que a dívida é de 48 milhões mais ou menos 5 milhões, é vago. Dizer-se que cada habitante deve 1770 euros, merece a resposta que se ouve, eu não devo nada. Ao poder que se quer transparente compete dizer que a dívida é de x, os encargos anuais são de y. Estes deixam que das receitas sobram z que deduzidos os encargos fixos deixam w. Conclusão a tirar: a dívida é irrelevante, a dívida permite algum desafogo, a dívida é asfixiante.

Embora tenha um pressentimento de asfixia, a dívida tem que ser uma das variáveis do próximo mandato.

Várias formas de abordagem: 1) Não ligar e quem vier daqui a uns anos que trate do assunto, 2) ir ligando durante três anos e desligar nas proximidades do acto eleitoral e 3) Ligar desde a primeira hora, estabelecendo uma equação que guie e conduza a atitude futura.

Foi dito que não podemos virar esta página eleitoral e partir para uma vida nova, esquecendo o passado. Triste povo sem passado. É importante saber e anunciar as razões essenciais que originaram esta dívida. Não basta dizer que há obras. Eu posso ir para a rua no meu fantástico Mercedes ou ter uma sebe, enorme, a encobrir a minha supermansão, adquiridos quando eu não me podia  responsabilizar pelos encargos. Eu não posso dizer apenas que tenho dívidas, mas tenho obra, está aqui. Os outros podem dizer, tem também muita irresponsabilidade. É uma imagem simples, mas é aquela que me ocorre.

Era importante que o Partido Socialista de Seia capaz de mobilizar para a campanha eleitoral bastantes quadros responsáveis das Autarquias e , em especial da Câmara, os conseguisse mobilizar para uma demonstração de transparência. Abram o CISE e o seu anfiteatro, e apresentem-se dizendo, Aqui está a imagem da dívida, pensamos que a sua origem é esta, e as suas eventuais implicações para o futuro são aquelas que passamos a enunciar. A verdade não iliba, mas configura uma atitude. Se quiserem, a Escola Secundária organiza...

Imagens curtas de uma campanha

Por Loriga, fomos sabendo da razão de o nosso amado Serviço Nacional de Saúde ser considerado por uma organização sueca como um dos piores de um conjunto de uma trintena de países. Pergunta essencial: Como se chega a um médico de família?
Pela Cabeça, vimos o que é a falta de competência das empresas às quais se adjudicam obras. Os prazos e ritmos da exwecução e o pesadelo das populações são terceiro-mundistas. De quem é a culpa?
Por S. Romão, levanta-se a questão de toda a verdade. Dar conta de estudos sobre estudos para requalificações que apenas se vão requalificando nos papéis. A promiscuidade associações -poder. Apoios não são necessariamente promíscuos.
Por Torroselo, como é que o partido do poder autárquico apoia um invertebrado politico  a tornar-se assim uma coisa parecida à ética isaltina ou valentina. Salve-se a escala. O que interessa é ganhar!
Por Sandomil. como podem as pessoas e o rio olhar apenas para aquele fantástico recanto, sem saber o que se passa a montante?
Pela Corgas, vimos uma estrada escavacada, embora em obras. Estaremos para ver dentro de quantos meses estarão concluídas.
No retorno, um exemplo do que são as acessibililidades internas. Sandomil - Torrozelo, algum betuminoso de restos doutros avenidas lembram que muito recentemente ali estava um buraco. Salvé, betuminoso eleitoral. Só isso, Claro, para Sandomil basta que a força do emprego municipalizado continue a funcionar. Os votos estão garantidos. A Catraia de São Romão, a catraia, anos e anos esquecida, está a trasformar-se numa avenida, mas muito cuidado com aquelas bermas.Senhor automobilista, muito cuidado. Com aquela configuração de levada de água, o seu carro não ficará sem uns fortes arranhões, caso o deixe descair.
Por Vodra entrámos, passando pelo nóvel tapete até São Martinho, estrada dos mil e um palavrões, mas que agora parece coisa fina, oi, mas, pois é, o dunheiro não deu para chegar ao fim da linha.
De Santa Marinha para Pinhanços, mudámos de concelho, sim, aquilo deve ser de outro concelho, Tão vergonhosa está aquela ligação que não pode ser de Seia. Nós agora só temos coisas boas. Deve ter-se autonomizado, para não receber nada ou então ali não há eleições.
Santa Comba, uma boa casa, onde bati com o meu carro num anel de betão cincundante de uma árvore. De dentro do carro, vê-se a árvore, não se vê o anel. Bom espaço e boa animação.
Uma coisa ressalta destas passagens. Tirando um escasso número de localidades, os nossos lugares de paisagens naturais, algumas delas com vasto património,  deixam escapar o cheiro de uma morte anunciada. O envelhecimento é uma inevitabilidade, pelo menos nas pessoas, mas e os lugares, não podemos fazer nada? A nossa alma beirã também passa por aqui.
Por uns lados, encontrámos gente aberta e conversadora, sem ligarem se são do partido A ou X, noutros gente reservada como que diz que nada temos a ver com o que eles pensam, ou o meu voto já tem dono.
Vi máquinas partidárias, cheias de gentes de outras paragens, numa demonstração da força do sermos muitos, que não da argumentação. Não digo que não tenham argumentos, mas esta campanha acabou. Chegou a altura da contagem de espingardas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Debate amanhã no CISE

Amanhã, três correntes de opinião confrontar-se-ão no ambiente fantástico que é o CISE. Eu estarei lá, obviamente.
Espero que a casa esteja cheia, numa demonstração de participação cívica, desclubizada, reflectindo sobre as propostas e análises que formos capazes de apresentar.
Espero que os três candidatos estejam inspirados e, com clareza, apresentem as suas propostas, numa demonstração de cidadania que deixe todos, por fim, orgulhosos,  mulheres e homens deste concelho.
Será bom prenúncio de uma nova era política nos destinos do concelho, alicerçada na responsabilidade dos governantes e na participação positiva de todos os munícipes.
Amanhã, CISE, 21:30.
Até lá!

Apelo à estabilidade governativa

(Esta entrada não tem a ver com as autárquicas. mas diz respeito a que pretende uma estabilidade activa na governação. Um grupo de cidadãos está a subscrever este compromisso à esquerda)



O resultado das eleições legislativas permite afirmar com clareza que os portugueses recusaram a hegemonia neo-liberal, dando o seu voto maioritariamente à esquerda. É por isso legítimo esperar que o futuro governo do país acolha novas políticas solidárias, relançando a prosperidade e a esperança no futuro.·
A 27 de Setembro os eleitores revelaram uma inquestionável vontade de entendimento entre os partidos de esquerda. As votações alcançadas pelo Partido Socialista, pelo Bloco de Esquerda e pela Coligação Democrática Unitária são o resultado das fortes movimentações sociais ocorridas na legislatura passada, tendo contribuído decisivamente para gerar uma nova solução pluripartidária susceptível de encontrar respostas aos factores de crise e desigualdade social.·
Os entendimentos entre as diversas forças de esquerda para uma solução de governo (coligação ou acordo de incidência parlamentar) são muito comuns na Europa Ocidental (por exemplo, no Chipre, em Espanha, em França, na Itália, na Suécia, na Dinamarca, na Noruega, na Finlândia, etc...).

Em Portugal, pelo contrário, há mais de 30 anos que as esquerdas continuam incapazes de se entender para gerarem soluções de governo. Contudo, vários estudos têm revelado que este elemento resulta de um crescente desfasamento entre os eleitores destes partidos (que desejam um entendimento) e os seus eleitos (que persistem na incomunicabilidade).·
Os resultados de 27 de Setembro exigem que as esquerdas se encontrem e sejam capazes de explicitar o contributo que cada um destes partidos está disposto a dar para se encontrar uma solução estável de governo. Pelo menos essa tentativa de entendimento é devida ao povo português pela forma como demonstrou a sua vontade eleitoral.·
Os subscritores do presente Apelo agem no sentido de que seja traduzido num programa de governo as lutas e anseios de amplas camadas da população que justificam celeridade na construção de respostas urgentes e adequadas para os problemas do seu quotidiano. Para servir este objectivo, deverão ser estudadas as bases para um Compromisso à Esquerda que reforce as conquistas democráticas, vinculando a acção governativa a um elenco programático.


 

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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Entrevista ao Porta da Estrela

Leia a entrevista ao Porta da Estrela, mas volte e leia e comente.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Agenda do Dia

Quarta-feira, 30 de Setembro, a CDU promove acções de campanha em Seia a partir das 10 horas.

Se quiser participar e conversar com os candidatos da CDU, compareça nas proximidades do edifício dos CTT.

Hoje, dia 29, houve debate na Antena 1

Os três candidatos estiveram hoje no CISE,
Pode ouvir aqui 


(Observação; para ouvir da Antena 1 tem que se segui o link acima e procurar em Arquivo na data de 29/09)

Das legislativas às autárquicas

No distrito da Guarda, praticamente desde que há 4 lugares em disputa para a Assembleia da República, o resultado tem sido um empate: PS - 2 deputados PSD -2 deputados.
Concelho de Seia, na Câmara Municipal,  x vereadroes do PS, y vereadores do PSD/CDS com x+y=7.

Ora, anda por aí um magote muito significativo de eleitores que, apesar deste fatalismo continuam teimosamente a votar  CDU, BE, PCTP-MRPP, POUS e outras siglas.  Gostam de votar no cavalo que perde.Não têm amor à vitória, o prazer de ter um dia de exultação de vitória. São uns perdedores natos.
Eu também sou um desses teimosos.
Nas legislativas de domingo passado, estes teimosos tiveram a sua vitória. De certo modo, todos contribuímos para que nenhum partido tivesse maioria absoluta e estamos hoje convivendo bem com esse facto.
No próximo dia 11 de Outubro, aqui, na nossa terra, no nosso concelho, seja em Vasco Esteves ou no Chaveiral ou em Seia, temos um desafio semelhante, Contribuir para que nenhum partido tenha a maioria absoluta. É a possibilidade aberta pelo facto de haver três candidaturas.A maioria absoluta de um partido não é uma inevitabilidade.
Admitindo que a candidatura CDU merece o apoio dos teimosos eleitores do BE e caso os outros partidos tenham um desempenho semelhante ao das legislativas, eo um simulador do método de Hondt antecipa a distribuição de vereadores 3-3-1. Este 1 pode vir a ter um peso muito valioso.
A bola está do nosso lado. Não sei se é por ser do clube que sou, mas luto sempre pela vitória, ainda que a derrota não me meta medo. Voando com os pés assentes na terra...

E se nos (re)coligássemos por uma causa?

No nosso concelho, os resultados obtidos nas eleições do passado domingo pelas forças que nunca aqui tiveram voz, dilataram a esperança de colocar um vereador na Câmara de Seia. Não é mais um vereador. É a singularidade, a diferença, a novidade, a consciência crítica, a VOZ.

É uma enorme oportunidade que os descontentes com o situacionismo no concelho, com a dança de cadeiras entre PS e PSD, não devem perder. Os votos na CDU, no Bloco de Esquerda e noutras pequenas forças, todos juntos, podem retirar um lugar aos partidos que sempre governaram, sem verdadeira oposição, os destinos do concelho.

Dentro de quinze dias, os senenses que votaram, criticamente, contra os "vencedores do costume", têm na mão a possibilidade de colocar na câmara a voz da diferença. Ainda que a candidatura institucional esteja ligada à CDU, a condição de independente do candidato leva-me a apelar à concentração de todos aqueles que, através do seus votos, afirmaram de forma inequívoca que não se revêem nos partidos da rotatividade e dos interesses.

A oportunidade de fazer ouvir a voz das minorias e dos descontentes é única. Há três candidaturas a votos. O que eu peço a todos os que colocaram a "cruzinha" fora do quadrado correspondente aos "vencedores do costume" é uma repetição da vontade que manifestaram nas recentes eleições legislativas, agora na única candidatura que, indo a votos, nunca esteve comprometida com a roda do poder no concelho.

E se todos os que não votámos CDS/PSD/PS, escancarássemos esta janela de oportunidade e nos intrometêssemos na "Senhora Câmara"? Não acham que seria interessante?


 

(Um leitor apoiante da candidatura CDU à Câmara Municipal de Seia)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Seia – Um concelho ligado


A ligação entre as populações do concelho exige boas estradas. Tem sido eleitoralista a forma como a Câmara tem tratado das estradas de ligação. Veja-se Catraia-São Romão e  Seia-Santa Marinha. Salve-se a redução da distância tempo da ligação Seia-Vide e deixe-se a dúvida para as obras de regime da variante a a ligação Portela de Arão-Lagoa Comprida. As estradas de ligação em bom estado têm que ser uma preocupação permanente. A execução de obras revela, muitas vezes, incompetência de planificação e de trabalho descoordenado entre as empresas prestadoras de serviços que estão no terreno de obra.
As prometidas estradas que ligam Seia ao resto de País que tanto voto têm dado e parece que há quem espere que vá continuar a dar têm que fazer parte das preocupações do concelho, dos seus autarcas e dos seus munícipes, alimentando as forças de pressão sobre o poder central.
Nota-se ainda algum desencontro de posições não só entre forças dentro do concelho como entre autarquias da região. O governo aprovou recentemente um despacho em que pede à Estradas de Portugal que prepare o lançamento do concurso à concessão da Serra da Estrela.
Há outras vias que devem ser trazidas para a prática diária. As novas tecnologias devem estar acessíveis a todas as pessoas e deve ser um meio para a aproximação entre cidadãos e entre cidadãos , o poder e o mundo.
Todas as localidades devem ter acesso público à Internet, devendo as autarquias apoiar as iniciativas de formação e procurando o enquadramento no Plano Tecnológico do País.
Há diversas aplicações que ficarão assim disponíveis, sendo desejável o desenvolvimento de plataformas digitais de utilização comum de âmbito regional.
Cabem ainda no conceito de concelho ligado os rios. Estes podem ser vias de ligação cultural e de lazer, abrigagando projectos tecnica e cientificamente coordenados pelas entidades competentes, podendo ser uma interessante oportunidade de emprego local.
Os caminhos quer agrícolas, quer florestais, quer de roteiro histórico e outros devem estar sempre em boas condições de utilização, mantendo a genuinidade dos  mesmos.
Os serviços técnicos da Câmara e o CISE têm certamente conhecimento e competência para operacionalizar projectos nesta área, a par de outras estruturas de opinião que felizmente existem.

Voto útil na Guarda



O distrito da Guarda elege 4 deputados ao Parlamento. A história ensina-nos duas coisas. Primeiro, em aritmética tem sido sempre 2 a 2. PS e PSD elegem dois deputados cada. Em segundo, nunca ninguém nos provou a importância destes deputados para além de votar com a orientação da direcção parlamentar.


Quem apela ao voto útil, isto é, quem do PS ou do PSD pede o voto útil pede o voto a quem não vota naqueles partidos que vote nas suas cores.


Nesta perspectiva, não seria mais útil ficar em casa e deixar a contenda apenas aos eleitores decididos a votar nesses partidos. Qual a utilidade de alguém se colocar ao lado daquilo que se acha o mal menor, quando pode expressar-se pela posição que acha mais correcta? Para este peditório eu não dou.


Esta ideia de utilidade poderia ainda ser traduzida pela não existência de eleições legislativas no distrito. Se é para dar sempre este resultado, não vale a pena haver votação. Podemos concluir que os partidos da (in)utilidade querem avaliar em que ano podem pugnar pelo 3 a 1.


Isto é pretender que as outras forças desapareçam do mapa regional.


As pessoas devem votar. Votar de acordo com a sua consciência e com a sua inteligência na força política da qual mais se aproxima a sua linha de pensamento. Só assim cada partido poderá ter uma imagem e uma referência da sua força na região e persiga a possibilidade de vir a eleger um deputado. Acho bem que Portas queira eleger um deputado pela Guarda, que Louçã e Jerónimo queiram o mesmo.


O voto só é útil se for dirigido para a força onde melhor se revê ou em branco para expressar a sua não escolha ou o voto nulo exprimindo que não se revê em nenhuma das forças que se apresenta.


Eu voto útil. Eu voto na força da qual mais me aproximo. De entre os dois grandes partidos na expressão eleitoral, do que estou menos afastado é do PS. Alguém é capaz de me explicar a utilidade para ajudar Assis a ir para o Parlamento? Votarei noutro lado. É a utilidade do meu voto.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Seia, um concelho verde (P4)

As aldeias e vilas e os seus rios:

Seia tem cursos de água muito significativos que desde sempre atraíram as populações para as suas margens em busca da agricultura, de alguma pesca, para não falar de tempos muito recuados em que até o ouro do Alva era conhecido de Roma.

Hoje os rios estão abandonados à sua sorte e aos lixos que nós impavidamente continuamos a produzir e a não tratar. Há ETAR's de mau funcionamento.

Os rios necessitam da nossa atenção e têm um valor económico muito significativo em termos de emprego de limpeza e conservação, técnico e turismo. Por si só, merecem um esforço económico que terá rápido retorno.

Energias Renováveis

As autarquias não se têm revelado como exemplo na promoção das energias renováveis, Não existem projectos nesta área. Há preocupação com o passado da energia, com o Museu da Electricidade, com os aniversários da EHSE, mas não se vê futuro. Como exemplo do esquecimento, o restauro do edifício da Câmara Municipal podia ter incorporado algum sistema de microgeração e as escolas de maior dimensão poderiam ter sido equipadas com painéis solares. Mesmo que não fosse economicamente rentável, ficaria a atitude pedagógica relativa ao ambiente.

Os grandes projectos eólicos passam todos ao lado de Seia. Embora este projectos não tenham grandes impactos no emprego, contribuem para a redução da pegada ecológica do concelho.

Agricultura Urbana na cidade de Seia – Constituição de uma rede de produtores com publicitação de excedentes e eventual troca ou venda de produtos.

Seia tem algumas estruturas de análise que podem contribuir decisivamente para a construção de um concelho verde. Há o PNSE, o CISE, URZE, ACASE, etc. que podem ajudar a encontrar o caminho. Há que dar importância que estas e outras associações sem pruridos de superioridade. O ambiente é cada vez uma zona de síntese onde a economia, a sociologia e a ciência se cruzam.

Resposta a um forista PE

No Porta de Estrela online, um forista (Indecisos…) deixou uma bateria de questões deixadas ao candidato do PS. Ooutros estão à espera da resposta e outros ainda pedem as respostas aos outros candidatos.

Considero um exercício importante o fazer perguntas e também o dar respostas. Claro que não estou em condições de responder a todas elas, mas deixarei aqui as minhas posições de principio acercas de algumas delas.

  1. O Mandato será para cumprir?
  2. O que acha da atribuição de incentivos fiscais à Fixação de Empresas no Concelho, e que Áreas de negócio devem ser apoiadas?
    O que pretende fazer para implementar uma verdadeira política de Turismo no nosso Concelho?
  3. a sua Política relativa ao Apoio ao Associativismo no concelho, e em que moldes apoiará as nossas associações?
  4. Câmara Municipal continuará a ser a gestora da distribuição da água do Município e se a vai aumentar e quanto?

A forma articulada como o forista elenca as suas questões, faz crer que ele próprio deve ter uma opinião sobre a verdadeira política de Turismo. A minha posição sobre este assunto é a de um não especialista, mas sinto coisas que devem acontecer e coisas que não devem acontecer. Não desejo um turismo de massas, uma algarvização da Serra da Estrela, ainda que isso fosse economicamente tentador. Essa opção pode gerar um ritmo de destruição proporcional aos fluxos de utilizadores. Não alinho, portanto, nas grandes unidades hoteleiras. Penso que o POPNSE recentemente aprovado indica direcções que são correctas, não por serem lei, mas por suportarem a sustentabilidade.

Quanto aos benefícios fiscais à fixação de empresas, uma questão de princípio é que é fundamental a procura de empresas em aéreas que promovam o regresso dos nossos jovens que procuraram outras terras para prosseguir a sua formação. Não esperamos que um engenheiro informático regresse para uma linha de sapatos ou de confecção ou para um call-center. As grandes empresas que se instalam só por uma questão de baixos preços de mão de obra não merecem ser acarinhadas por conforme vêm também vão.

As associações são peças do DNA de qualquer comunidade. Os apoios devem ser os adequados ao seu papel. Não podem ser sorvedouros de recursos, com apoios cegos e na base de tratamento igualitário. As associações talvez devam ser classificadas criterialmente. Por exemplo, se uma associação desportiva faz formação deve merecer mais apoios do que aquelas que se dedicam apenas a representação. Uma associação que queira dedicar-se a interesses de inovação deve merecer mais apoios do que as convencionais. Em qualquer caso, deve haver evidências de desempenho.

A questão das águas para mim não é uma questão clara e é evidente que os actuais autarcas saberão que águas estamos a beber. A minha posição é de militância a favor de serviços públicos fundamentais não serem privatizados nem privatizáveis. O desenho que se está a esboçar em relação às águas de Seia e de outros concelhos configura uma golpada sobre o bem público. A água é um dos bens que em breve se tornarão mais escassos e prepara-se o ataque dos privados sobre o seu controle. As Águas de Portugal, onde se pretende integrar as Água do Zêzere e Côa, estão a prepara-se para a privatização e o nosso petróleo prepara-se para passar para mãos privadas. A gestão das Águas passará a governar mais uma centena daqueles gestores de alto gabarito como os que nos conduziram para a crise que vivemos. O Estado não é fatalmente um mau gestor. Prepara-se a criação de uma GALP privada para as águas. Depois o preço da água será o mesmo regabofe que se assiste em torno dos combustíveis. Quanto aos preços actuais, só o candidato do PS pode dizer se a Câmara continua a ter alguma força na definição dos preços. A água é um dos nossos petróleos. Ela é uma da razões que me levam a pensar que a transparência, a participação das pessoas e autarcas que oiçam e que respeitam o eleitor são essenciais para nos protegermos e não permitirmos que alguém faça o papel de útil inocente. Quando as coisas se decidem por menos de meia-dúzia de pessoas, vale tudo. O mexilhão pagará a factura.

Sem ter dados para subscrever, adianto que várias vozes falam na possibilidade de o nosso futuro ex-Presidente se preparar para um lugar na Administração, numa analogia ao que se passa com um ex-dirigente socialista na direcção de uma grande empresa de construção.

6. Acha aceitável que um PDM possa levar a que se afastem pessoas da mesma família?
7
. Acha transparente o processo de elaboração do PDM de Seia?


Os PDM´s são campos onde se jogou muita corrupção. Alterações de PDM são oportunidades de negócios. Maria José Morgado referia-o como o campo onde se misturavam autarquias futebol e construtoras. E não era por bons motivos. Os PDM´s eram mesmo o bolo a repartir. Não se infira destas palavras que eu queira afirmar que em Seia isto se passou, mas também não digo que não se passou. Não sei.

8. Será que sabe ouvir os mais experientes?

O autismo é próprio de certo tipo de políticos.


9
. Como fará a fixação dos jovens a Seia?

Nenhum autarca pode prometer essa fixação. Todos o desejam. Se se conseguir criar emprego /empresas de formação elevada os jovens ficarão ou regressarão. Os jovens também não podem estar à espera que lhes sirvam o banquete. O ensino em Portugal privilegia a formação de bons empregados e para isso cria um sistema de competição individual. Outra forma de encarar a formação é através da colaboração e cooperação de jovens que procurem avançar com projectos visando a criação do seu próprio negócio. Aí a cooperação entre pessoas gera empreendedorismo que a competição dificilmente gera. É dos livros.

10. Dará mais importância a festas, feiras e festinhas que a obras na cidade?

11. Porque não são apresentadas contas relativamente a realização da Fiagris?

Acho pertinente esta associação. Não sou um amante da Fiagris. É uma fórmula que acredito que já tenha dado evidências da sua baixa relação custos/benefícios e apenas é oportunidade de passar tempo ao som de uns concertos. Parece que sem Fiagris não seria possível ter concertos de qualidade em Seia. Não é verdade. Concertos de qualidade não necessitam ser de borla. Se não têm qualidade, passamos bem sem eles.

Talvez haja lugar para eventos de menor grandiosidade e de maior alcance. Vemos, por muitos sítios, eventos de rua que mesclam cultura (teatro, música, dança,) com gastronomia e enologia, artesanato, etc. que podem suscitar a adesão das pessoas por vontade e não por uma demonstração de poder económico (!) da autarquia.

12. Que opinião tem sobre o destino a dar as escolas desactivadas nomeadamente em Seia?

A ideia de vender parece-me a saída de quem tem que vender os dedos para pagar dívidas. Será para tapar um fragmento da dívida ou para alimentar mais a especulação? Certamente aparecerão ideias para a ocupação. Há dois anos, num projecto apresentado por alunos da Escola Secundária surgiu a ideia de se destinar um espaço para que os jovens (e velhos…menos jovens) possam fazer música, dança, teatro, etc. num exercício de cultura vivida. Esta é uma ideia.

13
. Como encara a ideia da Câmara criar um sistema de bolsas de estudo e outros meios de apoio para permitir a crianças particularmente dotadas dos meios mais desfavoráveis prosseguirem os estudos?

Muito importante apoiar e acompanhar a evolução de jovens talentos. A despesa em educação nunca se pode considerar um gasto, antes um investimento.

14. Assume o compromisso de tornar público todos os estudos mandados fazer pela Câmara com a indicação de quanto lhe custaram e estão dispostos a tornar públicos os salários de todos os seus assessores e dos gestores das empresas municipais?

  1. Acho que a autarquia, ainda que apresente contas auditadas, deveria fornecer informação relevante para os munícipes. As contas darem certas, dão sempre. A qualidade da despesa é outra coisa para além da aritmética. E transparência não significa só apresentar as contas. Significa que se possa aceder a informação suplementar. A estatística e as contas de gerência são formas de nos convencer da verdade da mentira.

    1
    5. Manterá, os mesmos titulares nos cargos de altos dirigentes (Directores) da Câmara?

    16. Quais as vantagens e desvantagens da Criação da Empresa Municipal de Seia, para o Concelho de Seia?

    17. Qual a divida actual da Câmara, quais os encargos assumidos, e se a actual situação servirá de Futuro de desculpa para o resultado do mandato?

    18. Perguntar-lhe se com a resposta á pergunta anterior (17), o Concelho de Seia, pode estar ciente de que é mudar em Segurança?
    A estas últimas questões também eu gostava de conhecer a resposta, para além da aritmética.


 

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Legislativas - um tempo perdido?

(Publicada a 18 de Agosto de 2009)

São conhecidos os candidatos a deputados ao Parlamento e às autarquias pelas diferentes formações políticas, cuja eleição decorrerão a 27 de Setembro e a 11 de Outubro próximos.

Apesar de candidato à autarquia de Seia, a atenção e preocupação devem estar concentradas nas legislativas. Aqui se vai desenvolver um confronto de desfecho obscuro e de instabilidade, independentemente da força que vier a ser mais votada n as eleições. Caso seja o PSD, como vai governar? Caso seja o PS, como vai governar? Os títeres que neste momento conduzem estes partidos não agoiram nada de claro. Manuel Ferreira Sócrates não terá as condições que José Sócrates Leite teve nem Sócrates II terá as condições que Sócrates I teve. As coligações, pré ou pós-eleitorais, não são nem expectáveis nem duradouras, caso venham a ocorrer.

O problema do PS chama-se principalmente José Sócrates. Não havendo maioria absoluta, do que menos se precisa é de uma liderança arrogante e autista. Sócrates pode ser o melhor primeiro-ministro do planeta, mas já deu para perceber que os portugueses não o aceitam, pelo menos não lhe reconhecem o papel de líder. Para além de demasiadas suspeições (Freeport e processo das habilitações académicas), a dureza, a rigidez, a prepotência e o narcisismo tornam-no num indesejado primeiro-ministro. Com um currículo político deste jaez, não é fácil acreditar que ele possa ser mobilizador de consensos. É claro que o PS não se esgota em Sócrates, mas parece que para além dele apenas existe o nada. Não é verdade. Há cinco anos atrás, quando Sócrates se degladiava com Santana Lopes na TV, alguém dizia que estava ali o futuro primeiro-ministro? O PS democrático encontrará novas lideranças. Este melão, que até prometia, rapidamente se tornou azedo e intragável. Não há insubstituíveis e é uma calamidade pensar que os há.

O problema do PSD é a inveja de não ter conseguido, enquanto governo, tomar medidas como algumas que Sócrates veio a tomar. As políticas, aparte alguns arrufos eleitorais como grandes obras, avaliação de professores, justiça, segurança social e outras, são as mesmas de Sócrates. Para corporizar essa semelhança, ressuscitaram Manuela Ferreira Leite que não se importaria de ter o apelido político Sócrates. Quem se lembra da senhora como ministra da educação e dos desempenhos na área do orçamento e finanças compreende facilmente estas parecenças. Não só políticas, mas também da arrogância. Veja-se a forma recente de impor às suas tropas arguidos como António Preto e Helena Lopes da Costa e afastar quem não pensa como ela.

  1. Ninguém acredita que haja um partido de maioria absoluta e poucos o desejam depois de verem Cavaco e Sócrates desperdiçando grandes oportunidades e degenerando em autoritarismos inaceitáveis.
  2. A aritmética dos lugares no parlamento faz maiorias, mas as disponibilidades políticas não fazem maiorias, nem à direita nem à esquerda. Este PS de José Sócrates não está em condições de fazer pontes para o Bloco de Esquerda e/ou para a CDU. A direita não chegará sequer à aritmética da possível maioria. O CDS bem estica o pescoço para ganhar algum apoio ou no PS ou no PSD, mas dificilmente sairá da 5ª posição europeia.
  3. O Bloco Central não é solução nem se deseja que o seja. Com estas lideranças, o bloco central é altamente improvável. Mas afinal, qual a projecção que os partidos do Bloco Central trouxeram a este País, nestas décadas de governos de centro? Criatividade, precisa-se.
  4. Em Outubro, veremos como o Presidente Cavaco Silva joga a bola. Ele sabe que vai ter esse desafio, essa arbitragem. Por isso, já está com os receios da espionagem política que o governo do PS está pretensamente a fazer junto dos seus assessores.
  5. O mais provável é que em 2011 estejamos outra vez em eleições com outros figurantes. Serão estas eleições um tempo perdido em termos de governação?

Governação Colaborativa e Transparência (P3)

A participação pública será essencial no processo de transformação das nossas cidades e vilas (António Câmara, Voando com os pés na terra). Contudo não será por milagre nem muito menos por decreto que essa desejada participação se desenvolverá. Várias razões se podem elencar, desde o descrédito da classe política e dos políticos até á despudorada falta de transparência que campeia nas estruturas políticas e públicas.

A transparência deve ser elevada a pilar da participação. E não basta aos políticos dizerem que serão transparentes nas contas, nos concursos, no provimento de cargos, nas opções tomadas. São necessárias medidas e acções práticas que, respeitadas, põe a salvo o cidadão.

A democracia portuguesa, jovem de um pouco mais de três décadas, atravessa uma crise de representação extrema ainda que haja muitas eleições e referendos. Tem-se consolidado a ideia de que o cidadão apenas intervém de 4 em 4 anos, no momento de se aproximar e introduzir um papel numa caixa negra e aí esgotar a sua participação e os políticos eleitos acham-se arrogantemente no direito de usar a procuração passada para os maiores dislates e atentados contra quem os elegeu. E dali não arreda pé ainda que o eleitor se veja num estertor de morte por não ser aquela a saída que o seu voto desenhara e pretendia. Para agudizar esta separação eleito-eleitor, ainda se impingem soluções que nada têm a ver com o nosso destino, como por exemplo a apresentação a sufrágio de um candidato do Porto a ser cabeça de lista pela Guarda. Porque não ir buscar à Noruega ou às Honduras um primeiro-ministro ou às Filipinas o ministro da Economia?

Como dar a volta a este desafio da Democracia? Provavelmente não precisaremos de leis. Há a certeza de que não são necessárias novas leis.

As decisões das nossas autarquias, Freguesias e Câmaras, são um intrincado campo de poderes que, em regra, passam ao lado da grande maioria dos cidadãos. Este campo é o suporte de todo o poder político de um Estado e mesmo o local onde se encontram os grandes pares. É o ponto de encontro da política e da economia, a elaboração de PDM's e os construtores onde se desenham as maiores vigarices e roubalheiras (palavras do candidato europeu do PS – Vital Moreira) como os casos Liscont, Lusoponte, Freeport, Portucale que faz com que haja ex-políticos muito ricos, políticos que desejam rapidamente ser ex-políticos, autarcas riquíssimos, inexplicavelmente riquíssimos. Também prósperos grupos económicos que deveriam explicar melhor os seus proveitos e ligações e negócios obscuros.

A Democracia tem resposta para isto.

A governação colaborativa é uma resposta, ainda que utópica, a esta dissonância e os projectos para a transparência serão decisivos para facilitar os níveis de confiança do cidadão na governação e eles próprios favorecem o incremento da eficácia governativa

Importa por isso encontrar uma arquitectura de participação que se desenvolva continuadamente e não apenas de 4 em 4 anos.

Organizar uma plataforma electrónica para o mapeamento de necessidades, de problemas e de propostas.

Criação de Base de Dados disponível para pesquisa de todas as despesas e receitas das autarquias, dos contratos e dos contratados, concursos e concorrentes.

Um concelho de pessoas (P2)

A vida de qualquer comunidade tem como farol a qualidade de vida de cada uma dos seus membros e de si própria.

Ninguém concebe nobre qualidade individual numa comunidade doente e ninguém concebe uma comunidade vitalizada com grande parte dos seus membros doentes.

A definição de qualidade carece mesmo de algum consenso.

O curso da vida individual e colectiva não é uma linha recta. Há ocasiões de grande riqueza social há outras em que a depressão e a tristeza parecem tomar conta das nossas vidas. A qualidade de vida de uma comunidade revela-se na capacidade de gerir estas diferentes fases de modo a sustentar-se de forma efectiva nos diferentes momentos. Por isso é essencial destacar que o concelho são as pessoas que exigem uma vida de bem com a vida. A criatividade e o conhecimento produzirão uma sociedade próspera que viva sustentadamente com o ambiente que os seus ancestrais escolheram para viver e que poderá ser atractiva para outras pessoas de outras paragens.

A nossa individualidade projecta-se no colectivo, influencia-o, dinamiza-o, deteriora-o, desrespeita-o, convive com ele e também o destrói.

A vida de cada um de nós impregna a comunidade e comunidade condiciona-nos. A comunidade liga-nos com as vantagens que facilmente se reconhecem.

Do mesmo modo e qual efeito borboleta, a vida da nossa comunidade influencia camadas de intervenção regional, nacional e global. Por isso, fazemos parte da Humanidade.

Há uma missão para cada um de nós e para a nossa comunidade, mesmo quando a vida nos é adversa ora atingida pelo desemprego, pela doença, pela velhice apenas acompanhada da solidão.

A nossa comunidade tem que ter vida, vida de qualidade, para bem da cada um de nós. Por sua vez, cada um de nós, à sua medida, tem que ser activo e talentoso para que a nossa comunidade cresça em prosperidade e ela nos acolha qual mãe que no seu regaço toma o seu filho.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Objectivo essencial da candidatura CDU-Seia (P1)

É objectivo essencial da candidatura da CDU contribuir com liderança para a construção de um concelho de pessoas, um concelho criativo, um concelho próspero, um concelho de conhecimento, um eco-concelho e um concelho ligado.

O concelho de Seia é uma dádiva da natureza que permitiu em épocas passadas a agricultura, a caça e a pesca, a energia hídrica, a indústria têxtil e lanifícios, o pão.

Neste momento, o ambiente já clama a nossa intervenção. São os rios conspurcados e vazadouro de águas residuais não tratadas, atulhados de árvores mortas, divorciados das gentes. Os nossos rios pedem-nos que voltemos para eles. Exigem-nos atenção e eles prometem-nos sustentabilidade. A serra, mãe dos rios, não pede menos. O Concelho até possui uma organização capaz de coordenar toda a atenção ambiental que a situação exige, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela. Estando o concelho de Seia integrado no Parque Nacional Serra da Estrela é incompreensível o estado critico em que se encontram os cursos de água.

A economia da região deverá assentar nas suas pequenas e médias empresas, sendo de fomentar e apoiar o surgimento da eco-economia com projectos ligados à microgeração, às águas, à pesca de rio e albufeiras, ao turismo de natureza mobilizador essencialmente do emprego local, desenvolvimento associado às unidades de formação como Escolas sejam profissional, secundária ou do ensino superior. A educação carece de estratégia regional com maior intervenção colaborativa das autarquias, das empresas e dos cidadãos na sua definição. As escolas são fundamentais para a organização da sociedade e para o desenvolvimento sustentado. O caminho para as escolas deve ser mais direccionado para a formação de empreendedores do que para empregados.

Não é possível passar ao lado das novas tecnologias de informação como um meio ou ferramenta para se conseguir uma aproximação entre as pessoas, entre a governação e os cidadãos. A participação cívica, a transparência e a governação colaborativa passam muito pela forma como usarmos estas novas ferramentas. As autarquias devem constituir-se parceiras das escolas no sentido do acesso e da formação necessária para um desempenho de cidadania a este nível. Não podemos considerar apenas com as estradas para aproximar as pessoas. Estas novas vias são incontornáveis para a prosperidade das populações.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Que confusão!

(Hoje não é sobre Seia)

Estava a fazer um esforço para não intervir durante a campanha a partir deste blogue. Hoje foi um daqueles dias em que algo muito sensível mexe connosco. Dei por mim a lamuriar-me, Ai, António, António, onde te vais meter?

Hoje foi um dia de trabalho profissional, varrida pelas notícias que chegam da espelunca política com a questão das escutas e não só.

Sabemos que José Sócrates pode estar a dizer a maior das verdades, mas será sempre visto e ouvido com desconfiança. A antítese de Obama, que pode estar a dizer a maior besteira e nós acreditamos nele. Por enquanto, pelo menos. Oxalá que por muito tempo.

Cavaco Silva, o presidente da direita que alguém achou como o complemento mais que perfeito de Sócrates, revela-se cada dia com mais clareza que não merece a confiança de quem ama a liberdade.

Cruzando com a América, os Estados Unidos, e considerarmos o esmagador escrutínio feito sobre Obama e, por exemplo, sobre a juíza Sottomayor para chegar ao Supremo Tribunal, e transportarmos para Portugal, Sócrates e Cavaco nunca seriam Presidente e Primeiro-Ministro. Bastariam os ingredientes das acções da SLN fora do mercado de acções para um e a licenciatura para o outro para serem descartados. Não seria necessário o despacho judicial para que politicamente fossem considerados produtos impróprios para consumo.

Acrescente-se a esta nota a forma como o juiz Rui Teixeira (caso Casa Pia e Paulo Pedroso) está a ser profissionalmente gozado por três juízes indigitados pelo PS para o Conselho Superior de Magistratura. Que perigosas ligações!

Ai, António, António Abrantes onde te vais meter?

Tenho a sensação que começou a campanha eleitoral para a Presidência da República e Alegre começa a aquecer os motores, com uma vitória do PS nas legislativas, uma derrota adiada de Sócrates que fenecerá dentro de meses esmagado pela conjuntura e pelas conjunções. Dar a volta a Cavaco não é possível sem o PS, mas só é possível sem Sócrates. Manuela Leite também a leste…nunca sabe nada.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Concessão de estradas e amigos políticos

Ao ler o o blogue de Mário Jorge Branquinho, que muito prezo, a propósito de o Governo de José Sócrates ser amigo de Seia, assalta-me a ideia que de modo recorrente é apresentada de as forças políticas, que têm governado este País, desejarem tudo colorido da mesma cor. Diz-se que há toda a vantagem de a Câmara ser do partido do governo, de a junta de freguesia ser da família que lidera a Câmara, de a direcção do clube ou da IPSS ser da cor autárquica, de o director da instituição pública ter o cartão político bom.

Esta lógica é reflexo da subserviência intelectual, económica, social, etc em relação ao Poder. Este tipo de raciocínios encontramo-los em regimes ditatoriais, sejam de cor azul ou amarela. Não é própria de povos de gente inteligente e livre e para os quais a equidade é um valor intrínseco da Democracia.

Muitos querem vender a ideia de que a construção do Hospital de Seia se deve a este, que a Variante de Seia se deve aquele, que as estradas que agora são prometidas se devem àqueles. Parece que a política é um jogo de amigos. Francamente, acho que não devemos nada a ninguém. Ou esta é a forma de como se vê a política e a forma como se vê o exercício do poder. Apesar disto, é uma realidade. A política funciona assim. Mas não deve.

Não quero aceitar que o despacho do lançamento da concessão das estradas da Serra da Estrela seja motivo para estarmos gratos e ajoelhados sob os senhores da governança.

Será que as populações da linha Arrifana – São Martinho têm que agradecer o asfaltamento da estrada feita recentemente por especial favor da Câmara ou devem vociferar pelos anos de esquecimento? Em relação aos governos deste País devemos bajulá-los por ter agora despachado ou devemos lembrá-los de décadas de esquecimento e de atrasos?

Claro que isto depende do ponto de vista que queremos assumir. Se formos adeptos deste governo do PS talvez encontremos aqui matéria para exultar. Se não, talvez devamos dizer só agora é que se lembram de nós. Quem devemos responsabilizar pelo nosso atraso estrutural ou das condições não criadas?

Seia, tal como os outros concelhos deve ser reivindicativa, organizar o lobbying de uma forma participada e sustentada entre a sua comunidade, residente ou não e exercer a pressão necessária para que o concelho seja tratado em igualdade com os demais. O mesmo se deve passar em relação às freguesias nas suas relações com a Câmara Municipal.

Sem entrar na fanfarra dos tambores, reconheço que o passo dado pelo despacho 19868-A/2009 de 31 de Agosto é uma deixa que de modo algum se deva esquecer por um dia que seja.

Não chegámos a lado nenhum, mas pode ser o princípio atrasado de alguma coisa importante. É altura de Seia começar a pensar no seu futuro, nas suas aldeias, vilas e cidade e nas Pessoas. Este futuro não pode ter senão um desenho colectivo, de participação e de empenhamento.


 


 

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

FESTA CONVÍVIO CDU

É já no próximo sábado, na Senhora do Desterro- São Romão, o lançamento da campanha eleitoral para as autárquicas 2009.
Confirma a tua presença e a dos teus amigos.

domingo, 6 de setembro de 2009

sábado, 5 de setembro de 2009

Ele há coisas fantásticas - Seia nas bocas do mundo

A inauguração (…) do Hospital de Seia ocorreu há dias, mas tinha sido preparada há muito tempo. Recordo-me de estar eu nas urgências dos HUC (Coimbra), doente, nos primeiros dias de Julho e por lá ouvir abundamente a anedota que teriam sido pedidas emprestadas as camas para a inauguração que poderia ocorrer naquela altura. Ri-me do absurdo da situação, como em outros casos me ri, como a situação de pedir um morto para inaugurar cemitério…

A agenda eleitoral é sempre feita em cima do joelho e, pelo menos na rua, constou que a Ministra da Saúde poderia aparecer em qualquer momento, por aqui para a festança.

No dia da inauguração, 31 de Agosto, televi caras conhecidas durante a visita inaugurante. Também não vi muita gente, como os profissionais da casa, conheço muitos, que provavelmente não revelaram entusiasmo suficiente que merecesse a atenção da senhora Ministra, dos autarcas e das estações de televisão. Não os vi.

Hoje, sábado, chegado a casa após um estafante viagem, os meus olhos foram brindados com imagens e os meus ouvidos tocados pela contundente intervenção que Francisco Louçã (Bloco de Esquerda) produzira nos Açores e em que o Hospital de Seia e as camas eram tema de paródia. E eu que pensara que o episódio de Julho era mesmo só anedota…

Vejamos o vídeo desta estória contada pela TVI24.

Mas Seia arranjou logo dez culpados: a Guarda, o fornecedor, a referência, o engano, o Girão, a mentira, a anedota, a ministra que acha que o que diz sobre Seia e a Guarda raramente é verdadeiro, a cabala, o que não está em Seia,…

O despudor é uma coisa fantástica, não é?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

PROVERE

Sem sair de casa, calcorreei os gabinetes da CCDRC (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro), vasculhei os dossiers do Mais Centro à procura do Município de Seia. Nos meus avanços e recuos, pesquisei na imprensa online referências a projectos referentes a Seia, no âmbito do PROVERE (Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos) que tem uma pipa de massa para financiar projectos, públicos ou privados.

Dei-me a esta viagem, na sequência da consulta do Anuário Financeiro em que recordei a posição delicada das contas do Município de Seia, pelo menos no que diz respeito à execução de 2007.

Qual a justificação para esta viagem?

A dívida do município era de cerca de 48 milhões de euros. É pouco ou muito? Se a dívida fosse minha ou da junta de freguesia de Vila Cova, diria que era inimaginável. Se fosse a dívida do Real Madrid ou do Benfica, seria muito satisfatória e suportável. Sendo de Seia, da Câmara, qual a sua ordem de grandeza? É aceitável? É asfixiante? Suponho, e oxalá esteja errado, que deve ser vista como assustadora, se tivermos em conta a liquidez negativa de 15 milhões de euros.

Claro que não há ninguém responsável pela dívida, em termos pessoais ou em perigo de ver o seu património penhorado. A responsabilidade política é de alguém, mas essa é uma prostituta, sem ofensa.

Ora, todos sabemos que quem não tem cão, caça com gato.

Pensei que os gestores do Município tivessem carregado os seus esforços e procurassem financiamentos no QREN, através de candidaturas, suportando projectos estruturantes para o concelho.

Ora, tirando uma participação num projecto vago reportado em termos de opinião no jornal Porta da Estrela, não encontrei nada.

Espero que tenha sido só isso, que eu não encontrei, mas que existam candidaturas efectivas, porque será uma pena perder tamanha oportunidade para o desenvolvimento de um concelho que está pasmado e mergulhado em problemas e em decadência económica e social nas palavras nas palavras do caro concidadão Dr. Alcides Henriques que só a capacidade camaleónica e a irresponsabilidade podem disfarçar.


 

Repavimentação de Avenidas em Seia

Segundo a imprensa local, estão a ser gastos (pagos?) 150 mil euros, 30 mil contos dos antigos, na repavimentação da Avenida 1º de Maio, na cidade sede do Concelho. Esta verba é o equivalente a quase 330 salários mínimos nacionais o que daria para pagar o vencimento anual de cerca de 23 trabalhadores, pagando 14 vencimentos.
O que poderia fazer um grupo de 20 trabalhadores, num ano? (Pagando mais que o salário mínimo, daria para menos trabalhadores)
Daria para limpar o percurso concelhio do Rio Alva? Daria para fazer a limpeza de 1000 hectares de matas? Daria para fazer o quê?
A repavimentação seria uma necessidade? Quantos anos tinha o pavimento agora reformado? Qual o retorno deste investimento para além de não sei quantos votos? Ou dará prejuízo
Entrando em má língua...Desde quando está programada esta intervenção? Em que sessão de Câmara ela foi decidida? Se os 150 mil euros eram mesmo para repavimentação, não havia outros locais do concelho onde seria mais necessária a intervenção?
Desta verba gasta, que fracção entra na economia do Concelho?
Por favor não me venham com uma treta de justificação diferente de calendário eleitoral. 150 mil euros saõ irrelevantes? Se a Câmara, o seu Presidente, os seus Vice-Presidentes e Vereadores acham que é irrelevante, então o problema do Concelho é mesmo muito sério.
Isto não é ser contra o progresso, é ser contra uma certa forma de fazer política e de valer tudo para perpetuar o poder sob caprichos de calendário eleitoral. Também náo é aceitável que me venham com o chavão da demagogia. Demagogia é exibir uma ostentação de rica autarquia quando há uma ambiebte de crise e uma dívida asfixiante. Isto é assobiar para o lado.
Vale a pena continuar a escolher este Partido e estas pessoas para continua, cantando e rindo, a (des)governar o concelho desta maneira?

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Promessas e Dinheiros



Estamos em período eleitoral, tempo de esbanjamentos e tempo de promessas.

Nestas coisas faço o papel de burro por não entender. Façam-me um esquema, a cores se ajudar.

Pode prometer-se este mundo e o outro, sem haver preocupações sobre se há dinheiro ou não?

Da forma como entendendo que é gerida uma casa de família, não concebo como posso pensar só na despesa e não pensar na receita. Não posso, não devo gastar o que não tenho ou o que gere compromissoes que não possa cumprir.

O Euromilhões não sai a toda a gente e se não houver indícios seguros que a receita pode aumentar, não devo assumir despesa que não posso pagar ou deixá-las para quem vier a seguir.

Aliás, tendo sido responsável pela gestão financeira da Escola Secundária de Seia, vejo que não há muita gente como os professores para zelarem pela rectidão das contas. Claro que o orçamento de uma escola não é o mesmo que o de um Município ou de um Estado. Mas a rectidão é a mesma. Aprendemos cedo que não devemos dar um passo maior que aquilo que a perna permite.

Causa-me uma perplexidade extrema o chorrilho de promessas de todas as forças e candidatos envolvendo o erário público como se este fosse uma vaca com uma capacidade inesgotável de dar leite.

Não é verdade. Há limites.

O crescimento médio anual de Portugal é de 0,8% , nesta década não me permite acreditar nestas políticas de esquecimento de crise quer a deste momento quer a estrutural que só pode ser atribuída aos gestores que nos têm conduzido: governantes, deputados, autarcas, etc.

O povão é que não tem culpa desta crise. Talvez a sua culpa inconsciente é decorrente de não ser capaz de vassourar quem já deu provas de incapacidade ou de incompetência. Talvez seja preferível escolher o desconhecido em vez do conhecido incompetente.

Esta gente não tem a noção prática que o desenvolvimento sustentável não pode comprometer o futuro das gerações vindouras.

Deixo finalmente uma questão para quem saiba responder: uma dívida da ordem de 50 milhões de euros que tipo de margem deixa para outras obras e projectos, num concelho como Seia?

Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses - SEIA



As minhas noções de Economia, para além da doméstica e da que decorre de ser um leitor de livros e de jornais e de páginas de internet, não me permitem tomar o papel de expert, mas também não são assim tão desprezíveis que me afastem da leitura de documentos dessa área.

Por exemplo, correndo o documento Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses relativos a 2007 e fazendo uma pesquisa pela palavra Seia, encontramos várias referências e quase sempre por razões que, julgo eu, não nos orgulha.

  • Na página 81, Seia é referido como o pior município na execução da receita em 2006, lendo-se no mesmo documento que este índice reflecte que "estes níveis de execução da despesa e da receita, normalmente, estão associados à elaboração rigorosa dos orçamentos" o que deixa entender que o orçamento tem tido uma elaboração pouco ou nada rigrosa.
  • Na página 84, é referido o município de Seia em 18º lugar (dos piores) municípios com menor rácio receitas liquidadas/receitas previstas.
  • Na página 105, surge Seia em 29º lugar no ranking do passivo exigível (despesas) com uma dívida ligeiramente superior a 48 milhões de euros! Se pensarmos na dívida por habitante, não seremos 0 29º mas sim o 22º como se pode ver na página 107, com cerca de 1770 euros por habitante.
  • Quando chegamos à página 114, encontramos Seia no 17º posto (dos piores) com menor liquidez, sendo esta negativa de cerca de 15 milhões de euros, o que significa que não são geradas receitas capazes de suprir os encargos de curto prazo.
  • Quando chegamos à página Municípios com maior índice de dívida a fornecedores, Seia está em 26º em cerca de 300 municípios e surge na mesma posição relativa ao maior índice de dívida líquida.
  • Se pensamos que o Anuário se fica por aqui, esqueça, pois em relação ao indicador Municípios com maior índice de endividamento líquido em relação às receitas do ano anterior ficamos por um brilhante 5º lugar.

A questão que se pode pôr é um dilema:

Ter dívidas de acordo com as capacidades do concelho podendo atrofiar o desenvolvimento

ou

Assumir dívida geradora de qualidade de vida ainda que não haja dinheiro para isso e não se vislumbre possibilidades de o vir a ter?

Não é uma resposta fácil.