segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ressonâncias de um debate

Realizou-se, na passada sexta-feira, um debate no CISE sobre alguns assuntos que devem ser centrais nas opções eleitorais. O modelo seguido teve inegáveis qualidades e evidentes defeitos. A escolha dos temas foi a que foi. Sobre este assunto, direi apenas duas coisas: 1) aplaudo o ambiente e organização criados e 2) aceitei os moldes e os temas a tratar. Sugeri ao Dr. Alberto Reis umas nuances que abrissem a participação do público, em determinada fase do debate, mas não passou disso mesmo, sugestões.

Quanto ao figurino, permitiu que cada candidato sobre aqueles temas usasse 3 minutos, o que se veio a revelar curto. Como se se pretendesse meter o Largo da Misericórdia na rua de acesso do Mercado àquele largo.

Outros temas ficaram na gaveta. Um deles é o da dívida e a forma como ela condicionará, ou não, o próximo exercício. Dizer que a dívida é de 48 milhões mais ou menos 5 milhões, é vago. Dizer-se que cada habitante deve 1770 euros, merece a resposta que se ouve, eu não devo nada. Ao poder que se quer transparente compete dizer que a dívida é de x, os encargos anuais são de y. Estes deixam que das receitas sobram z que deduzidos os encargos fixos deixam w. Conclusão a tirar: a dívida é irrelevante, a dívida permite algum desafogo, a dívida é asfixiante.

Embora tenha um pressentimento de asfixia, a dívida tem que ser uma das variáveis do próximo mandato.

Várias formas de abordagem: 1) Não ligar e quem vier daqui a uns anos que trate do assunto, 2) ir ligando durante três anos e desligar nas proximidades do acto eleitoral e 3) Ligar desde a primeira hora, estabelecendo uma equação que guie e conduza a atitude futura.

Foi dito que não podemos virar esta página eleitoral e partir para uma vida nova, esquecendo o passado. Triste povo sem passado. É importante saber e anunciar as razões essenciais que originaram esta dívida. Não basta dizer que há obras. Eu posso ir para a rua no meu fantástico Mercedes ou ter uma sebe, enorme, a encobrir a minha supermansão, adquiridos quando eu não me podia  responsabilizar pelos encargos. Eu não posso dizer apenas que tenho dívidas, mas tenho obra, está aqui. Os outros podem dizer, tem também muita irresponsabilidade. É uma imagem simples, mas é aquela que me ocorre.

Era importante que o Partido Socialista de Seia capaz de mobilizar para a campanha eleitoral bastantes quadros responsáveis das Autarquias e , em especial da Câmara, os conseguisse mobilizar para uma demonstração de transparência. Abram o CISE e o seu anfiteatro, e apresentem-se dizendo, Aqui está a imagem da dívida, pensamos que a sua origem é esta, e as suas eventuais implicações para o futuro são aquelas que passamos a enunciar. A verdade não iliba, mas configura uma atitude. Se quiserem, a Escola Secundária organiza...

2 comentários:

Anónimo disse...

Achei o detate interessante. E deu para compreender muita coisa, não entendi a do Retail Park, é desta que os pequenos comerciantes do concelho vão à vida. Os comerciantes que abram os olhos, votem neles, a seguir aguentem-se. Gostaria muito ver o Professor Abrantes eleito para pôr algumas da suas ideias no terreno que acho interessante.Força

António Abrantes disse...

Não conheço o projecto do Retail Park.
Se fosse comerciante no concelho de Seia estaria muito atento.
Se é para criar 500 postos de trabalho, que se diga quantos vai aniquilar.
Conheço alguns parques do género, não me seduzem como consumidor e este tipo de atracção não me encanta. Seia não precisa de muita gente para alavancar a sua economia. Seia e as suas gentes precisam de se manterem vivas. Manter o comércio local é uma elementaridade política, quando não se desejam as multidões. Seia sobreviverá se for diferente dentro da sua realidade. Temos que nos impôr pelas diferenças que nos caracterizam como região e como beirões. O retail nada tem de beirão.
Não conheço o projecto, repito, mas ...em princípio, contra!