sábado, 17 de outubro de 2009

Segundo rescaldo


Duas questões estavam em disputa neste acto eleitoral. Uma era sobre quem seria o próximo Presidente da Câmara e a outra era sobre a importância de haver ou não haver maioria absoluta.
O eleitorado decidiu em linha com o que as máquinas partidárias mais poderosas lhe apresentaram.
O PS apresentou um grande poderio para justificar que seria muito importante para o concelho continuar as políticas que o executivo de Eduardo Brito vinha a defender, não trazendo absolutamente nada de novo. A continuidade. Nada melhor que o delfim Filipe Camelo para assegurar esse desígnio.
O PSD, também investindo fortemente, quis acreditar que era possível ganhar a Câmara. Contudo deu por ganho aquilo que era suposto ser adquirido. Algumas freguesias consideradas do partido foram esquecidas ou não trabalhadas e deitou muito a perder. Esqueceu-se que quando entre duas grandes forças existe uma diferença de mil votos, basta ganhar quinhentos mais um para passar para a frente.
Parece que o  eleitorado não se decidiu sobre programas eleitorais, mas sim sobre vontades do exercício do poder. Uns querendo mantê-lo, outros querendo conquistá-lo. Legítimo.
A CDU tenta entrar na segunda questão, a importância de não haver maiorias absolutas. Argumentou com ideias e uma máquina à medida da sua implantação. Acreditou que as suas propostas poderiam mobilizar algumas posições e vozes esquecidas e que não se reviam em qualquer uma das grandes forças.
Enfim, o eleitorado deu primazia à questão Presidente e quase não se importou com propostas.
Quanto à aritmética eleitoral, certamente outros se preocuparão com ela. O poder e o candidato ao poder têm mais preocupações com o deve e haver e certamente terão isso em conta durante o próximo quadriénio.
A CDU tem um eleitorado estável e teve um resultado muito satisfatório atendendo que apenas concorreu numa dezena de freguesias. Face a esta realidade e à forte bipolarização a CDU tem razões para não estar descontente, Realce-se a importância que a CDU pode vir a ter em várias freguesias em que é a charneira entre o PS e PSD, como por exemplo, na freguesia da sede do Concelho.
Estas eleições tiveram um alto nível de civismo e alguma discussão. Recordem-se dois debates, um na Antena 1 e outro num CISE de casa cheia e alguma projecção na imprensa escrita regional. Destaque-se a imparcialidade de alguns órgãos e a parcialidade clara de outros. Naturalmente.
Vai iniciar-se um período de governação que promete ser diferente das anteriores. Ainda bem. A possibilidade de nas próximas eleições haver troca na relação de forças no executivo traz novos desafios. Se por um lado vamos ter um PS apostado num exercício dinâmico para ser reconhecido daqui a 4 anos, não poderemos deixar de ter um PSD acutilante e responsável para consolidar a sua ambição de ser próximo poder. A CDU, apesar de tudo, ganha alguma dimensão autárquica no concelho que bem aproveitada poderá trazer frutos nas próximas eleições e tentar de uma forma sustentada acreditar que o 3-3-1 num executivo próximo  é possível.
Mas, mais importante que o poder propriamente dito será a certeza de as pessoas do concelho se sentirem verdadeiramente representadas no poder autárquico de uma forma realista e sustentada.

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