quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Concessão de estradas e amigos políticos

Ao ler o o blogue de Mário Jorge Branquinho, que muito prezo, a propósito de o Governo de José Sócrates ser amigo de Seia, assalta-me a ideia que de modo recorrente é apresentada de as forças políticas, que têm governado este País, desejarem tudo colorido da mesma cor. Diz-se que há toda a vantagem de a Câmara ser do partido do governo, de a junta de freguesia ser da família que lidera a Câmara, de a direcção do clube ou da IPSS ser da cor autárquica, de o director da instituição pública ter o cartão político bom.

Esta lógica é reflexo da subserviência intelectual, económica, social, etc em relação ao Poder. Este tipo de raciocínios encontramo-los em regimes ditatoriais, sejam de cor azul ou amarela. Não é própria de povos de gente inteligente e livre e para os quais a equidade é um valor intrínseco da Democracia.

Muitos querem vender a ideia de que a construção do Hospital de Seia se deve a este, que a Variante de Seia se deve aquele, que as estradas que agora são prometidas se devem àqueles. Parece que a política é um jogo de amigos. Francamente, acho que não devemos nada a ninguém. Ou esta é a forma de como se vê a política e a forma como se vê o exercício do poder. Apesar disto, é uma realidade. A política funciona assim. Mas não deve.

Não quero aceitar que o despacho do lançamento da concessão das estradas da Serra da Estrela seja motivo para estarmos gratos e ajoelhados sob os senhores da governança.

Será que as populações da linha Arrifana – São Martinho têm que agradecer o asfaltamento da estrada feita recentemente por especial favor da Câmara ou devem vociferar pelos anos de esquecimento? Em relação aos governos deste País devemos bajulá-los por ter agora despachado ou devemos lembrá-los de décadas de esquecimento e de atrasos?

Claro que isto depende do ponto de vista que queremos assumir. Se formos adeptos deste governo do PS talvez encontremos aqui matéria para exultar. Se não, talvez devamos dizer só agora é que se lembram de nós. Quem devemos responsabilizar pelo nosso atraso estrutural ou das condições não criadas?

Seia, tal como os outros concelhos deve ser reivindicativa, organizar o lobbying de uma forma participada e sustentada entre a sua comunidade, residente ou não e exercer a pressão necessária para que o concelho seja tratado em igualdade com os demais. O mesmo se deve passar em relação às freguesias nas suas relações com a Câmara Municipal.

Sem entrar na fanfarra dos tambores, reconheço que o passo dado pelo despacho 19868-A/2009 de 31 de Agosto é uma deixa que de modo algum se deva esquecer por um dia que seja.

Não chegámos a lado nenhum, mas pode ser o princípio atrasado de alguma coisa importante. É altura de Seia começar a pensar no seu futuro, nas suas aldeias, vilas e cidade e nas Pessoas. Este futuro não pode ter senão um desenho colectivo, de participação e de empenhamento.


 


 

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