terça-feira, 22 de setembro de 2009

Legislativas - um tempo perdido?

(Publicada a 18 de Agosto de 2009)

São conhecidos os candidatos a deputados ao Parlamento e às autarquias pelas diferentes formações políticas, cuja eleição decorrerão a 27 de Setembro e a 11 de Outubro próximos.

Apesar de candidato à autarquia de Seia, a atenção e preocupação devem estar concentradas nas legislativas. Aqui se vai desenvolver um confronto de desfecho obscuro e de instabilidade, independentemente da força que vier a ser mais votada n as eleições. Caso seja o PSD, como vai governar? Caso seja o PS, como vai governar? Os títeres que neste momento conduzem estes partidos não agoiram nada de claro. Manuel Ferreira Sócrates não terá as condições que José Sócrates Leite teve nem Sócrates II terá as condições que Sócrates I teve. As coligações, pré ou pós-eleitorais, não são nem expectáveis nem duradouras, caso venham a ocorrer.

O problema do PS chama-se principalmente José Sócrates. Não havendo maioria absoluta, do que menos se precisa é de uma liderança arrogante e autista. Sócrates pode ser o melhor primeiro-ministro do planeta, mas já deu para perceber que os portugueses não o aceitam, pelo menos não lhe reconhecem o papel de líder. Para além de demasiadas suspeições (Freeport e processo das habilitações académicas), a dureza, a rigidez, a prepotência e o narcisismo tornam-no num indesejado primeiro-ministro. Com um currículo político deste jaez, não é fácil acreditar que ele possa ser mobilizador de consensos. É claro que o PS não se esgota em Sócrates, mas parece que para além dele apenas existe o nada. Não é verdade. Há cinco anos atrás, quando Sócrates se degladiava com Santana Lopes na TV, alguém dizia que estava ali o futuro primeiro-ministro? O PS democrático encontrará novas lideranças. Este melão, que até prometia, rapidamente se tornou azedo e intragável. Não há insubstituíveis e é uma calamidade pensar que os há.

O problema do PSD é a inveja de não ter conseguido, enquanto governo, tomar medidas como algumas que Sócrates veio a tomar. As políticas, aparte alguns arrufos eleitorais como grandes obras, avaliação de professores, justiça, segurança social e outras, são as mesmas de Sócrates. Para corporizar essa semelhança, ressuscitaram Manuela Ferreira Leite que não se importaria de ter o apelido político Sócrates. Quem se lembra da senhora como ministra da educação e dos desempenhos na área do orçamento e finanças compreende facilmente estas parecenças. Não só políticas, mas também da arrogância. Veja-se a forma recente de impor às suas tropas arguidos como António Preto e Helena Lopes da Costa e afastar quem não pensa como ela.

  1. Ninguém acredita que haja um partido de maioria absoluta e poucos o desejam depois de verem Cavaco e Sócrates desperdiçando grandes oportunidades e degenerando em autoritarismos inaceitáveis.
  2. A aritmética dos lugares no parlamento faz maiorias, mas as disponibilidades políticas não fazem maiorias, nem à direita nem à esquerda. Este PS de José Sócrates não está em condições de fazer pontes para o Bloco de Esquerda e/ou para a CDU. A direita não chegará sequer à aritmética da possível maioria. O CDS bem estica o pescoço para ganhar algum apoio ou no PS ou no PSD, mas dificilmente sairá da 5ª posição europeia.
  3. O Bloco Central não é solução nem se deseja que o seja. Com estas lideranças, o bloco central é altamente improvável. Mas afinal, qual a projecção que os partidos do Bloco Central trouxeram a este País, nestas décadas de governos de centro? Criatividade, precisa-se.
  4. Em Outubro, veremos como o Presidente Cavaco Silva joga a bola. Ele sabe que vai ter esse desafio, essa arbitragem. Por isso, já está com os receios da espionagem política que o governo do PS está pretensamente a fazer junto dos seus assessores.
  5. O mais provável é que em 2011 estejamos outra vez em eleições com outros figurantes. Serão estas eleições um tempo perdido em termos de governação?

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